Depois de um longo relacionamento e de ter conhecido algumas pessoas
que não me agradaram tanto pelo modo que elas agiam, quanto pelo simples
fato de não fazerem absolutamente nada. Hoje, é dentro do meu limbo que
eu encontro paz e me sinto satisfeito.
Ando com preguiça de me dispor e me despir pra alguém pela milésima
vez, preguiça de começar do zero e ter que contar toda a minha historia
outra vez, ter que voltar pro grande jogo das conquistas e planejar
encontros. Ando com preguiça de conhecer alguém, enviar uma mensagem e
ficar grudado no celular esperando por uma resposta que demora pra
chegar e às vezes nunca chega, preguiça de reservar algumas horas da
minha vida pra sair com alguém e no outro dia, ter que lidar com o
sumiço da pessoa. Não tenho esperado mais resposta de ninguém e tenho
tido pavor de responder alguém que não sejam os meus amigos.
Dizem que ninguém consegue ficar sozinho por muito tempo, que viver
ao lado de alguém, ter alguém pra cuidar de você é essencial na vida.
Mas eu estou ótimo me cuidando sozinho e não acho que ficar sozinho seja
o fim do mundo se você está sempre disposto a descobrir coisas novas
pra manter o teu mundo maior e tua vida bem mais interessante. Eu não
preciso de alguém pra me fazer rir, pra me dar um cafuné antes de
dormir, pra me trazer café na cama e pra me apresentar bandas que eu
nunca ouvi. Dizem que uma hora chega sua vez, uma dia o cupido acerta a
flecha, em algum um momento o amor esbarra na gente e quando isso
acontece, não tem pra onde correr.
Não sei se fiquei desinteressante ou se me tornei mais exigente e
maduro. Não sei se está cada vez difícil encontrar uma parceria real
numa época em que os aplicativos de pegação, a falta de interesse somada
a falta de tempo tem transformado as pessoas em seres totalmente
desinteressantes pela apatia. O fato é que cheguei num momento que
cansei de estar sempre disponível pras pessoas que cada vez mais parecem
estar indispostas, cansei de tentar e de pensar em tentar mas acabar
não tentando porque o interesse acabou antes disso. Cheguei no momento
só meu – e talvez, você que esteja lendo isso também tenha chegado –
isso não deve ser ruim se você se sente bem consigo mesmo e confortável
pra fazer o que quiser, quando e onde quiser.
Chega um momento que as pessoas vem e vão, vem em vão. Nada contagia,
parece que nada é bom o suficiente pra ficar. Ninguém é capaz de te
devolver aquele brilho no olhar que todo apaixonado carrega consigo,
ninguém é tão bacana o suficiente pra te puxar do limbo. A gente passa
por cada coisa, recebe tantas pedradas ao longo do caminho, coleciona
mais algumas decepções e tapas na cara que quando a gente amadurece, a
gente passa a exigir mais do outro sem nem saber se o outro já passou
pelas mesmas estradas que a gente percorreu. E então aquela frase do
Arnaldo Antunes passa a fazer todo sentido pra gente: ”Socorro, alguém me dê um coração, que esse já não bate, nem apanha”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário